«Dá muito trabalho viver a dois, mesmo que não se viva debaixo do mesmo tecto. É como se a nossa vida deixasse de ser completamente nossa; há outro, uma outra pessoa que também a vive connosco, que faz parte dela. Uma pessoa que cuida de nós e de quem precisamos de cuidar. Alguém que, antes de nós, já viveu uma vida inteira, já amou outras pessoas e já lambeu as feridas. Alguém que é um conjunto intrigante e complexo de defeitos, qualidades e experiências, alguém único e difícil de entender, tal como nós. Mas, acima de tudo trata-se de alguém que gosta de nós. E que gosta tanto que é connosco que quer partilhar a vida.
Parece simples, mas deve ser a coisa mais complicada do mundo. Mas então porque é que as relações são cada vez mais fugazes e difíceis de manter? Será que natureza humana afinal é mesmo polgâmica, apesar de todas as ditaduras da religião? Ou será que, estando a espécie tão protegida, nós, humanos seguros e individualistas, estamos a perder o instinto gregário? Afinal, porque é que é tão difícil estabelecer relações duradouras?
Eu tenho uma teoria: eu acho que as pessoas não estão para se chatear. Que o novo é irresistível, e há sempre pessoas novas e não tem piada nenhuma resistir-lhes. O zapping não é só um vício de quem passa horas sentado em frente à televisão a vegetar, também pode ser um modo de vida. E como o homem é um animal de hábitos, as pessoas habituaram-se a viver assim. Mesmo que isso represente andar a brincar aos namorados, aos casados, aos pais e às mães dos filhos dos outros, mesmo que assim o preço da solidão adiada, se pegue com uma factura maior.
Dá muito mais trabalho namorar. Mas também dá muito mais gozo. Como diz o Mick no filme Monstros & Companhia, sou tão romântico que me podia casar comigo mesmo. Eu também podia, mas era uma grande chatice. Prefiro procurar em ti as diferenças que nos unem. Prefiro investir, programar viagens com meses de antecedência, sonhar com casas em terrenos baldios, dar a mão, oferecer músicas e palavras, dormir agarrada e acordar com o mais belo sorriso do mundo ao lado como meu despertador particular. Prefiro conjugar os verbos estar, partilhar e viver, sem pensar no que isso implica. Viver um dia atrás do outro, de vez em quando pensar no futuro, de vez em quando ter saudades do passado, mas não perder o fio dos dias, a paz construída que me dá serenidade e segurança. Não vale isso muito mais do que andar aos tiros para o ar, numa de tentativa e erro, a cansar o corpo e coração, em guerras de amor?»
Quero partilhar contigo
Quero ficar contigo
Quero viver contigo
Para lá de toda a eternidade
2 comentários:
Gostei imenso do texto. Já o tinha lido em algum lado, mas agora não me lembro onde.
Não te preeocupes que tá tudo bem cmg, aquele texto era mera imaginação. xD
Beijinhos.
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