"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas ilusões de que tudo podia ser meu pra sempre"
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Saudade
Lembro-me como se fosse hoje, aproximei-me de ti e disse-te:
«Um dia, quando for grande e tu fores velhinho, vou ser eu a tratar de tudo isto. Dos animais, das terras. Um dia, farei aqui uma casa para viver para sempre!»
Lembro-me que fizes-te aquele riso ternurento e foste embora.
Lembro-me do dia em que o telefone tocou e eu atendi, era Ela:
«O avô foi para o hospital...»
Os dias que lá estives-te foram eternidades, foi sofrimento.... Cada vez estavas mais pálido, cada vez estavas mais magro, cada vez estavas pior ...
Lembro-me de entrar no quarto e tu lá estavas sentado, olhas-te para mim e sorris-te, mas um sorriso triste...
Lembro-me das últimas palavras que te disses e que tu me disse-te:
«Vais ver que não tarda já estás bom outra vez e já podemos brincar juntos outra vez...»
«Mas eu posso nunca mais sair daqui e não voltar lá»
Aí eu pensei que estivesses a brincar e não liguei.
Estava na idade que pensava que tudo era eterno, que as pessoas que nós mais gostávamos iam ficar connosco para sempre, ali ao nosso lado, pensava que só os maus é que iam embora e que tu como eras bom ficavas e ias safar-te... Mas depois percebi que não era assim e que o Mundo podia ser cruel demais, percebi que afinal os bons vão sempre primeiro mas até hoje ainda não percebi o porquê ...
«Diana ... anda cá a baixo a casa»
«Então o que foi?»
E a chamada caiu . Aí, senti um arrepio e parece que o chão debaixo dos meus pés, senti que ouve algo que saiu de mim ...
«Agora temos, todos, de ser fortes. Temos de nos apoiar uns nos outros porque não vai ser nada fácil»
Vi toda a casa a chorar, vi tristeza em todos os olhares ...
«Diana, o avô morreu!»
Aí tudo me caiu aos pés. Não queria acreditar!!!
Os segundos que passaram pareciam horas, os dias anos e parecia que este pesadelo nunca mais acabava!
Era impossível tudo ter acabado assim ... Não fazia sentido!!!
4 anos *
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Gostei muito deste texto, cheio de sentimento. Gostei muito mesmo. Lamento pelo teu avô.
E é verdade, os momentos felizes, as pessoas que mais gostamos, por mais que se afastem estarão sempre na nossa memória...
Enviar um comentário