sábado, 24 de outubro de 2009

Autopsicografia de Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira a entreter o coração, Esse comboio de corda Que se chama coração.

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